Thursday, June 12, 2008

os custos do automóvel


Querid@s Amig@s e Companheir@s,

Desta vez a partilha que faço é relativa a um cálculo muito interessante e que dá mesmo que pensar: os custos de manutenção de um automóvel. Se aliarmos a estes dados interessantes o constante aumento do preço da gasolina ... então esta reflexão relativa à forma como nos deslocamos e como usamos (e tantas vezes abusamos) do automóvel é mesmo essencial ...

depois, claro, há outros custos, se calhar até bem mais elevados, não mencionados aqui. Custos ambientais dos automóveis (emissões de gases, destruição de habitates naturais para construção de estradas e auto-estradas), sociais (perda de espaço público, individualização do transporte), de saúde pública (poluição e doenças respiratórias) e esse tremendo custo que é o da sinistralidade. Acredito que, felizmente, se aproxima cada vez mais rapidamente o tempo em que teremos de nos deslocar sem utilizar o automóvel. Porque não começar hoje e agora?

Abraços e Beijinhos ecocêntricos,

Deste animal humano: Pedro Jorge

Segue o artigo:



Quanto lhe custa TER e USAR o seu automóvel ?

http://100diasdebicicletaemlisboaapoio.blogspot.com/2008/02/quanto-custa-ter-e-usar-o-meu-automvel.html

Despesas de Propriedade, Utilização e Manutenção


Ser proprietário de um veículo automóvel não é propriamente barato. Mesmo um carro pequeno aumenta substancialmente as suas despesas mensais.



Por um lado, terá que considerar o preço que paga pela compra do carro e, por outro, as várias despesas que irá suportar a partir desse momento. Faça bem as contas às despesas:

Desvalorização/Depreciação do veículo

Combustível, portagens e despesas de manutenção

Pneus, revisões mais profundas, bateria, etc.

Seguro e Imposto municipal sobre veículos

Inspecções Periódicas Obrigatórias


Exemplo:


Imagine que comprou um carro por 15.000€. Imaginando que o vai manter por 10 anos, significa que este lhe custou 1500€ por ano. Ao fim de 10 anos, este veículo terá um valor residual inferior a 20%, pelo que se o vender recupera, na melhor das hipóteses, 3000€, ficando-lhe a máquina em 12 000€, ou seja, 1200€/ano.



Terá um seguro anual que, no mínimo, lhe custará cerca de 250€.



As revisões, em oficinas da marca poderão custar 300 a 400€ a cada 20.000 km.



A cada 60.000km o seu carro deverá precisar de pneus novos, o que lhe poderá custar cerca de 300€.



O imposto de circulação custará cerca de 40€ anuais.



Se percorrer cerca de 20 000km por ano, significa que em custos fixos anuais, o seu carro lhe custa 1200+400+300/3+40. No total, 1740€ por ano, mesmo que esteja parado na garagem. Ou se preferir, 1740€ por cada 20 000km, ou seja, cerca de 9€ por cada 100 km que percorre.


Se o seu carro consumir em média 6 litros de gasolina a cada 100km, por ano, você gasta cerca de 1700€ em combustível (20000km/100 x 6litros x 1.40€).



Feitas as contas:


1ª Contando com o custo do automóvel, você gasta cerca de 290€/mês


(1700€/12meses + 1740€/12meses).



2º Não contando com o custo do automóvel, você gasta cerca de 190€ por mês com o seu veículo (1700€/12meses + (1740€-1200€)/12meses).



Multiplique por 12 meses, e veja que gasta anualmente, incluindo o custo de aquisição, 3440€ para ter e usar o seu próprio carro.



Só por curiosidade, se o seu ordenado for de 1000€/mês liquidos (o equivalente a cerca de 1400 brutos), você trabalha 3 meses e meio do ano para sustentar o automóvel. 25% do dinheiro que ganha anualmente é gasto com o automóvel, incluindo os subsídios de férias e de natal (14 ordenados).



E não entrei com custos de portagens, de autoestradas e pontes, nem com a inspecção. Se quiser, pode acrescentar uns bons 200€ por ano para este tipo de despesas.



E não se esqueça da probabilidade de ter um acidente de automóvel em que é o culpado. A totalidade dos custos de reparação do seu veículo são por sua conta, se tiver um seguro apenas contra terceiros.



Já alguma vez tinha feito estas contas?



Imagine que abandona a utilização do seu automóvel para se deslocar todos os dias para o trabalho. Poderá poupar mais de 1000€ por ano, reduzindo os gastos com combustível e desgaste do veículo (revisões, pneus, portagens, etc). Com esse dinheiro pode, por exemplo, viajar para qualquer canto da Europa.


Desta forma, utilizaria o carro apenas para lazer, aos fins-de-semana, noites, feriados ou férias.


Só por curiosidade, imaginando que paga mensalmente 500€ de prestação do seu crédito à habitação, se não tivesse carro, poderia pagar mais 290€ (quase 800€) pelo mesmo crédito, mantendo as mesmas despesas mensais. Ou seja, poderia ter uma casa, ou maior, ou mais bem localizada. Por exemplo, mais próxima de seu local de trabalho. Com uma vantagem: um dia que venda essa casa, recuperará o dinheiro gasto nas prestações. O dinheiro que "queima" em combutível, esse, nunca mais vê.


4 comments:

I.Maia said...

Esse cálculo é muito útil. Ainda não o tinha feito, apenas concluí por alto que deveria ser muito dinheiro, mas assim vejo claramente o disparate de dinheiro deitado à rua para manter uma coisa que só dá chatices!
Já tinha decidido não possuir automóvel, mesmo apesar do meu paizinho estar sempre a querer oferecer-me um. Ele inclusivamente já me deu um, que por acaso necessitei durante um ano da minha vida, mas que depois lhe devolvi :) No dia-a-dia não faz mesmo falta e quando é mesmo necessário, sai milhares de vezes mais barato simplesmente alugar um carro, uma carrinha ou mesmo um camião, do que manter o automóvel no quotidiano.
Ainda não resolvi foi o dilema do avião, esse é que preciso mesmo de usar de vez em quando e não há substituto razoável na maior parte dos casos...

PJP said...

pois, o mais incrível é que a maior parte das utilizações do automóvel são para distâncias relativamente curtas ou em circunstâncias onde há, ou poderia haver, alternativas bem mais eficientes.
claro que o problema também já é estrutural e cultural ... muitas vezes as pessoas projectam o seu estilo de vida, como por exemplo a escolha do sítio onde vão morar, num estilo auto-dependente.
felizmente, ainda que com todos os tumultos que se advinham, isso tens os dias contados ... com o preço da gasolina a subir exponencialmente ... é o tempo de "end of suburbia", como é explorado no excelente documentário com esse nome baseado nas teorias do James Kunstler ...
em relação ao avião é de facto inaceitável que o comboio internacional ainda esteja tão longe de ser uma alternativa boa ... há mais interesse em incentivar os voos low coast do que em se estruturar um boa rede de transportes internacionais ferroviários a nível da Europa ...
enfim, talvez também isso vá ter que mudar em breve ...
bjinhos e abraços ecocêntricos

Pedro Jorge

p.s. muito obrigada pelo comentário e partilha ;O)

Unknown said...

Caro Pedro Jorge Pereira

Sou completamente contra essa culpabilização do indivíduo, da poluição e do uso de automóveis. A análise que faz não põem em questão – nem um pouco - o sistema de exploração do humano pelo humano (SEHPH).

É sempre mais fácil pormo-nos do lado do mais forte contra o mais fraco. O mais forte é o sistema, que actua contra as pessoas individuais, que estão na posição mais fraca. Por em causa o sistema, implica assumir uma posição política.

Todas as despesas em volta do automóvel – impostos, inspecções, seguros, multas, etc. – são uma receita importantíssima para os governantes. A indústria automóvel, as petrolíferas, as empresas taxis e outros ramos associados são negócios muitíssimo lucrativos, que a economia não quer de modo algum perder.

A questão que devemos pôr, é: PORQUE NÃO HÁ TRANSPORTES PÚBLICOS?

A resposta é:
Porque os governantes não querem perder a enorme receita em volta do automóvel – impostos, inspecções, seguros, multas, etc.
Porque a economia não quer de modo algum perder os lucros da indústria automóvel, das petrolíferas, dos taxis e de outros ramos associados.
Porque a indústria e os governos querem continuar a obrigarmos a ter carro próprio, por essas razões.
Porque há interesse em oprimir-nos com a falta de transportes públicos.
Porque há interesse em manter-nos isolados nas zonas rurais, para sermos obrigados a fazer trabalhos na agricultura mal pagos.
Porque há interesse em estupidificar-nos, sem termos acesso aos centros, para sermos mão-de-obra barata, não termos o poder de orientar as nossas próprias vidas e para sermos dependentes.

O SEHPH obriga-nos a ser cúmplices da destruição do meio ambiente, porque assim sentimo-nos culpados. Somos culpados e vítimas simultaneamente. E assim mantêm-nos quietinhos. Quem se sente culpado não está em boa posição de actuar. E assim se desactiva toda uma geração. Toda uma geração se sente culpada. Não podemos alterar nada, mas sentimo-nos culpados.

Eu tenho automóvel, e uso-o quando preciso, e não me sinto culpada. Na minha aldeia não existem transportes públicos. Terei que andar 25 min. a pé para apanhar um comboio, que apenas passa 2 em duas horas, correndo o risco de ser atropelada em ruas sem caminhos para peões.

Constroiem-se estradas caríssimas, sem caminhos para peões. Colocam calhas em cimento nas bermas (supostamente para escoamento da água) inclinadas impraticáveis para peões, para obrigarnos a caminhar no meio da rua, com carros a passar. Assim somos atropelados, e somos um negócio lucrativo para a indústria médica (coitada, também precisa de ganhar), essas clínicas privadas a nascer em todos os cantos.

E depois - de não esquecer - as empresas de taxis outro elemento importantíssimo na falta de transportes públicos. Os taxis dão lucro aos governantes em forma de impostos, etc. e às empresas. Se não temos carro próprio devemos andar de taxi. Uma pessoa em cada taxi, que depois regressa vazio – e polui duas vezes. Isso é bom, cria postos de trabalho. Poluir cria postos de trabalho!

Como impulsionar a indústria? Obrigando as pesoas a comprar coisas que não necessitam. E como se faz isso? Obrigando as pessoas a deitar fora o carros ainda bons, e a comprar novos – que bom para a industria automóvel. Isso consegue-se com as inspecções exageradas, em nome da segurança. Mas que a segurança dos cidadãos não preocupa os governos, mostra (entre outros) a falta de caminhos para peões e para bicicletas.

No terceiro mundo o problema dos transportes é muito fácilmente resolvido com taxis colectivos. Seria facílimo adapatar esse método ao nosso país. Mas nem os governantes, nem a indústria, nem as empresas de taxis iriam permitir isso, para não perder o negócio.

Outra catástrofe, neste circuíto é a ecologia estudada na universidade. A universidade está ao serviço do SEHPH. Lava o cérebro aos estudantes. Uma ecologia praticada na un iversidade é muitíssimo duvidosa. É outro elemento a funcionar contra uma verdadeira ecologia.

Caro amigo: uma atitude em relação a este problema é organizar taxis colectivos (como no terceiro mundo), mas isso implica uma oposição política ofensiva. Teremos empresas de taxis, governo e indústria contra nós.

É mais fácil distribuir a culpa democraticamente pel@s colegas.

kimikkal said...

Quem viveu na Holanda e depois regressa a Portugal, sente a diferença de filosofia entre ambos acerca da importância da bicicleta, mas penso que as mentalidades estão a mudar, inclusivamente ao nível das autoridades públicas, pois a região de Aveiro, onde vivo, começa a ter uma rede apreciável de ciclovias e a população começa a aderir "às duas rodas".

Enquanto há vida...