Tuesday, May 25, 2010

LAVAGEM VERDE

Um excelente texto que exprime de uma forma muito bem conseguida este "fenómeno" moderno do "greenwashing" ou em bom português "lavagem verde". E nos tempos modernos a imagem é quase tudo, é muito mais importante a imagem que se dá (e na qual se investem milhões e milhões de euros em "cosmética propagandística") do que a realidade que se esconde por detrás dessa mesma imagem ... é triste como estes vendedores de ilusões nos vendem a sua "banha de cobra" ... e ainda mais triste é como os deixamos vender ...

LAVAGEM VERDE

http://peregrino-bg.blogspot.com/2010/04/lavagem-verde.html


Greenwaching», nem mais, ou «lavagem verde» para não cairmos na detestável moda de utilizar palavras e chavões em inglês em todo e qualquer discurso que se pretenda «actual». Actualidade em português não falta a este tema, digo eu, tão diligentes são as mentes que anunciam, todos os dias, produtos, marcas e actividades cada vez mais «verdes.» Se verdes são os campos primaveris, esta cor que nos transmite esperança surge associada a quase tudo; o leitor, em querendo confirmar o que digo, só terá de compulsar os jornais, perder algum tempo vendo publicidade na TV. O «marketing» virou-se para a ecologia e tudo, mas tudo, vende melhor com esse perfume de clorofila e de ambientalismo comercial. Bancos, cosmética, automóveis, condomínios, lixívias, centrais atómicas, o que seja, não passam sem nos demonstrarem o quanto são amigos do ambiente e amorosos com a Terra. A palavra-chave é quase sempre «sustentabilidade.».

Mas sustenta-se mal face aos factos, muita desta profissional «lavagem verde» --que podemos definir como sendo a prática de empresas e instituições alterarem dissimuladamente os seus produtos e actos de forma a parecerem mais amigas do ambiente.

Há quem diga que este fenómeno, de expressão global, também traz consigo alguma coisa de bom. Pelo menos indica, com o seu manto diáfano de fantasia, alguma preocupação com o ambiente. Nem tudo pode ser mentira, alguma verdade lhe há-de ser misturada, caso contrário seria demasiado evidente. Compreende-se a observação. Só que de facto, em certos casos, não existe mesmo nem sombra de autenticidade nesta venda enganosa de ilusões.

Li outro dia um trabalho de uma organização internacional, os Amigos da Terra, no qual constavam exemplos instrutivos: um anúncio da Shell mostrava flores saindo da chaminé de uma refinaria de petróleo, em vez de fumo negro. Uma grande campanha da indústria do óleo de palma apresentava o seu produto como «solução verde», antes que os consumidores soubessem da devastação que o cultivo do mesmo causou e causa nas florestas tropicais e os conflitos com os agricultores africanos, por exemplo. Uma empresa inundou as televisões de vários países com publicidade ao carvão (imagine-se) como energia limpa…ilustrada com anúncios onde surgiam modelos em poses sexy a trabalhar numa mina!!! Risível ou não, quem não vê por cá coisas parecidas?

Lembrei-me logo da campanha omnipresente da EDP sobre as barragens, com imagens de cegonhas-pretas e águias-reais— precisamente espécies que perderão o seu habitat com a construção das barragens! Mesmo quem apoie a solução hidroeléctrica, por outras razões, não pode deixar de aceitar que haverá perda de biodiversidade, pelo que alguma forma perversa e subliminar de controlo das mentes deve ter sido ensaiada. Vale a pena ler o escritor George Orwell e as obras onde denuncia a «novilíngua» com a qual se subverte a linguagem, trocando o sentido das coisas de modo a confundir…e a reinar!

Quem defende os consumidores e a verdade no mercado?

Claro que existem etiquetas fiáveis, rótulos de confiança— mas é preciso conhecê-los bem!

E a «lavagem verde» dos poderes políticos, centrais ou locais? Será menos perniciosa? De facto pode ser que seja ainda pior, e as técnicas de «marketing» usadas são igualmente muito sofisticadas…ou descaradas. Um número de telejornal e eis que as políticas de betão no urbanismo, e da rodovia nos transportes, ou das «grandes superfícies» no comércio…se redimem com quaisquer proclamações de plenas de «sustentabilidade!»

É uma pena, mas nesta coisas, meus amigos, não se pode ser ingénuo!

Bernardino Guimarães

(Crónica publicada no Jornal de Notícias, 27/4/010)



Friday, May 21, 2010

// Ciclo de cinema – Que alimentação para o século XXI? Porto



Neste início de século, a forma como nos relacionamos com o mundo está a ser transformada em todos os aspectos.


Vivemos concentrados em grandes centros urbanos com uma vida cultural abundante. Os centros comerciais oferecem-nos um sem número de opções onde gastar o nosso dinheiro, e parece ser isso que define o nosso conceito de qualidade de vida. As viagens de avião de baixo custo fazem parecer que estamos mesmo a viver numa aldeia global… Ao mesmo tempo, com a internet e os “gadgets” electrónicos, queremos estar sempre perto de tudo. Enquanto isso esquecemos a importância de algumas necessidades básicas, como a alimentação. Não sabemos, ou não queremos saber o que se esconde por detrás das prateleiras dos supermercados. Mas devíamos!

A agricultura moderna divorciou-se completamente da natureza e já é um dos maiores consumidores de energia e água, bem como causadora de poluição. A agricultura intensiva destrói a biodiversidade e contamina a terra com pesticidas e fertilizantes artificiais. A isso vem somar-se a contaminação biológica e outras ameaças da introdução de organismos geneticamente modificados.

As regras do mercado livre globalizado aplicadas ao sector estão a destruir o modo de subsistência de milhões de pessoas e comunidades ao redor do mundo. E o resultado final disso também é péssimo para nós consumidores. Os alimentos estão repletos de resíduos químicos que se acumulam no nosso corpo com potenciais efeitos graves para a saúde.

Que decisões individuais ou colectivas podemos tomar para mudar este rumo? Este ciclo de cinema pretende lançar algumas ideias.

24 de Maio

* Filme “Quem alimenta o mundo?” (duração 93 minutos)
* Prova de produtos da Quinta de Segade.

31 de Maio

* Filme “o futuro dos alimentos” (duração 89 minutos)
* Prova de produtos da Naturocoop.
* Debate sobre agricultura biológica.

7 de Junho

* Filme “Carne, uma verdade mais que inconveniente” (duração 74 minutos)
* Prova de produtos da Casa da Horta.
* Debate sobre alimentação vegetariana.

14 de Junho

* Filme “TranXgenia – A História da Lagarta e do Milho” (duração 37 minutos)
* Prova de produtos do Projecto Raízes.
* Apresentação da Plataforma Transgénicos Fora e debate sobre organismos geneticamente modificados.

As sessões terão lugar sempre às 21h30 no auditório do Clube Literário do Porto – Rua Nova da Alfândega, 22.

Entrada livre. Mais informações em www.campoaberto.pt/cicloalimentacao

Organização:
Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente,
Campo Aberto,
Plataforma Transgénicos Fora

Apoios: Clube Literário do Porto,
Quinta de Segade,
Casa da Horta,
Naturocoop,


http://www.campoaberto.pt/cicloalimentacao/

Tuesday, May 04, 2010

Belo Monte: Kayapós pegam em armas para impedir a catástrofe ambiental na Amazónia






Belo Monte: Kayapós pegam em armas para impedir a catástrofe ambiental na Amazónia
http://pt.indymedia.org/conteudo/editorial/1221

Desde que foi proposto pela primeira vez na década de 1980, o projecto hidroeléctrico de Belo Monte tem sido alvo de numerosos protestos e encontros liderados pelos Kayapos e outros povos originários da região da Amazónia (Brasil). A barragem ameaça devastar uma enorme percentagem da Amazónia, desviar o rio Xingú e deslocar cerca de 20.000 pessoas das suas terras ancestrais, para além de destruir os meios de subsistência de mais de 12 mil índios.

Líderes kayapós avisaram que o derramamento de sangue é iminente agora que as autoridades concederam direitos para construir a hidroeléctrica de Belo Monte e a sua controversa barragem na Amazónia., a 22 de Abril deste ano. Esta licença é cedida na sequência de um conjunto de medidas liminares que bloquearam e, em seguida, desbloquearam o processo. Cerca de 500 manifestantes, povos originários, ambientalistas e outros, reuniram-se à data para protestar contra o leilão, que ocorreu nos escritórios da Agência Nacional de Energia Elétrica, na capital do Brasil.

Esta atitude do governo Lula desencadeou o que um líder Kayapó tem descrito como uma "guerra": "Acho que hoje a guerra está prestes a iniciar-se e os índios serão obrigados a matar os homens brancos novamente", disse o líder kayapó Raoni Metuktire que tem agido como embaixador na batalha para proteger a Floresta Amazónica. E acrescentou "Acho que o homem branco quer muito a nossa água, a nossa terra. Haverá uma guerra de modo que o homem branco não possa interferir em nossas terras novamente", acrescentou. Um outro líder indío, Luis Xipaya, advertiu que "haverá derramamento de sangue e que o governo será responsável por isso". Xipaya também disse que um grupo de Kayapós foi enviado para ocupar o local da barragem, em Belo Monte. Afirmou ainda que "Vamos construir uma cidade permanente e que não vai demorar tanto tempo como o projeto a que está ligada". O Chefe Xipaya, que preside a um conselho de anciãos, explicou que 150 Kayapos criarão o campo inicial, mas "gostaríamos de contar com 500 até ao final do mês e pedir reforços .... o nosso objectivo é colocar mil índios lá".

Há pelo menos outros 10 protestos em curso no Brasil contra Belo Monte. A maior catástrofe ambiental avizinha-se e os povos originários da região tudo farão para impedir que "se apague o sol". É necessário um grande movimento internacional de solidariedade com esta luta pela sua sobrevivência e modo de vida. Sejamos todos kayapós!

Apoio às Acções em Defesa do Rio Xingú / Documentário "Xingú: porque não queremos Belo Monte"

http://pt.indymedia.org/