Tuesday, July 26, 2011

Procuro Tradutor@s para colaborar em projectos de Educação Socio-Ambiental e de Intervenção











Procuro Tradutor@s para colaborar em projectos de Educação Socio-Ambiental e de Intervenção Procuro Tradutor@s para colaborar em projectos de Educação Socio-Ambiental e de Intervenção Se tens conhecimentos e prazer na tradução e és sensível às questões sociais e ambientais talvez te interesse colaborar com diversos projectos que dinamizo nessas áreas.

Basicamente o objectivo será tradução de alguns textos e materiais relacionados com as temáticas de intervenção dinamizadas.

Como são projectos não financiados infelizmente para já não há a possibilidade de pagar monetariamente pela colaboração. Mas há a possibilidade de “trocar” os trabalhos de tradução pela participação gratuíta nas diferentes oficinas e actividades dinamizadas no decorrer dos projectos.


Mantêm-se ainda a procura também de designers e/ou artistas gráficos.

Os blogs de alguns dos projectos, e respectivos links, podem ser vistos em:


Segredos da Horta - Alimentação Vegetariana Natural
http://segredosdahorta.blogspot.com/

Be the Change you want to see in the world"
http://thechange2004.blogspot.com/

Porto de Encontros
http://portodeencontros.blogspot.com/


Caso estejas interessad@ em colaborar ou em mais informações por favor contacta:


Pedro Jorge Pereira

ecotopia2012@gmail.com

93 4476236


Obrigado e até breve!



Friday, July 22, 2011

Biosfera 321 Obsolescência programada

Um excelente documentário sobre um dos mais “preversos” e inaceitáveis “estratagemas” do sistema de produção consumista: a obsolescencia programa - a produção para não durar … a produção para uma rápida inutilização que “obrigue” o consumidor a uma constante dependência do processo produção-consumo … é moralmente, éticamente e, claro, ecológicamente inaceitável mas é também uma das mais vincadas características deste sistema … e assim será até que nós consumidores e, sobretudo, cidadãos sejamos capazes de condenar este ciclo doentio de esbanjamento …


LIGAÇÃO:

http://www.faroldeideias.com/arquivo_farol/index.php?programa=Biosfera&id=1139



Sell you watch

Uma das "obras-primas" resultantes da Oficina de Escrita Criativa e Jamming cultural, de 6 e 14 de Julho.

Autor: Tozé Constantino
www.tozeconstantino.com

Uma mensagem que dá bem que pensar ;O)

Monday, July 18, 2011

Quercus alerta para o início da destruição da Paisagem património Mundial do Douro Vinhateiro









A face visível daquele que é um dos principais erros políticos, económicos, socais e, obviamente ecológicos, do nosso país: o Plano Nacional de Barragens …

Mesmo que os benefícios fossem imensos (e são, no mínimo, altamente duvidosos) tudo aquilo que se está a destruir é de uma dimensão aterradora … será que algo ou alguém irá conseguir travar este crime? Será que este governo irá prosseguir nos mesmos erros e visões retrógadas? Infelizmente tudo parece indicar que sim … mas a esperança é a última a morrer, ou a última a ser “afogada”.


Barragem da Foz do Tua

Quercus alerta para o início da destruição da Paisagem património Mundial do Douro Vinhateiro
http://www.quercus.pt/scid/webquercus/defaultArticleViewOne.asp?categoryID=567&articleID=3532

Iniciado formalmente um novo ciclo político, a Quercus - ANCN, através do Núcleo da Quercus de Vila Real e Viseu, não poderia deixar de alertar os novos responsáveis políticos nacionais para o atentado que se tem vindo a perpetrar contra o Douro Património da Humanidade classificado pela UNESCO em 2001, na Foz do rio Tua.

A lamentável ferida que se rasga na foz do rio Tua, com o início dos trabalhos de construção da Barragem do Tua, é já visível a quilómetros de distância, em diferentes locais de ambas as margens do Rio Douro.

A destruição do Vale do Tua, do rio, da paisagem, da linha centenária, da identidade da região a que se junta ainda o património classificado pela UNESCO, é no seu conjunto semelhante ao que aconteceu em Março de 2001 às estátuas dos Buda de Baiyman, património da Humanidade igualmente destruído.

É preciso repensar e inverter com urgência a anunciada sentença de morte do Vale do Tua e, nesse sentido, a Quercus apela aos novos decisores políticos que revejam não só o projecto da Barragem de Foz Tua, mas todas as barragens do Plano Nacional de Barragens com Elevada Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH).

Com estas grandes construções, nomeadamente a Barragem de Foz Tua, para além de perdas irrecuperáveis no que toca ao património natural, cultural e humano, está também em causa a oportunidade de um desenvolvimento sustentável na região, assente na agricultura e no turismo de natureza, cultural e ferroviário.

No passado 10 de Junho, o Prof. Cavaco Silva, referia no seu discurso a necessidade de “mudança de atitude, de desenvolver uma estratégia clara de revalorização do interior do país, incentivando e apoiando aqueles que aqui vivem e trabalham” e ainda a ”aposta na agricultura e no turismo.”

Tal não poderá acontecer enquanto os sucessivos governos, com o apoio cego das autarquias locais, continuarem a destruir o território, o seu património único, a sua identidade, promovendo o abandono e a migração das suas gentes, a perda de referências locais e identitárias, as fontes de riqueza, os serviços, e entre muitos outros factores, também a motivação e a auto-estima.

É urgente alterar as políticas energéticas e os conceitos de desenvolvimento/progresso que se querem para o país; tendo como premissas a eficiência e a sustentabilidade, é preciso caminhar para o equilíbrio harmonioso entre o Homem e a Natureza. O Vale do Tua não pode ser sacrificado pelos interesses de alguns grupos económicos portugueses como sejam a EDP ou a Mota Engil.

É urgente rever as concessões e parcerias público privadas, tal como exige a `troika´ e como anunciado pelo novo Governo, sendo as barragens a 3ª Parceria Público Privada (PPP) mais cara para o país. E estimado que o custo total das novas barragens (durante a vida da concessão) seria cerca de 15 000 milhões Euros = 4600 € por família [1].

O que ganha um país quando destrói uma linha-férrea centenária que atravessa toda a região uma região interior que não tem outra alternativa que não uma futura auto-estrada com portagens? A Linha do Tua percorre Trás-os-Montes, lado a lado com um dos últimos rios livres de Portugal, serve as gentes locais, transporta milhares de turistas de todos os cantos do mundo e, com a sua ligação a Puebla de Sanabria e à Alta velocidade Espanhola, poderia trazer a casa, pelo Verão e pelo Natal, milhares de emigrantes transmontanos.

O que ganha um país quando destrói um vale milenar único como o vale do Tua, para aumentar a sua produção energética em algo tão insignificante como 0,7% [2]?

Os impactos da construção desta barragem são irreversíveis e hipotecam para sempre o futuro de Trás-os-Montes. É urgente um novo olhar para Trás-os-Montes e para o desenvolvimento transmontano, em particular, para o Vale do Tua.

Deste modo, o Núcleo Regional de Vila Real e Viseu da QUERCUS apela ao novo Governo de Portugal para que mande suspender as obras da barragem de Foz Tua para salvaguarda dos interesses locais e nacionais, bem como do Património Mundial.

Vila Real, 1 de Julho de 2011

O Núcleo Regional de Vila Real e Viseu
da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza


[1] Memorandum- The Portuguese Dam Program: an economic and environmental disaster
GEOTA, FAPAS, LPN, Quercus, CEAI, Aldeia, COAGRET, Flamingo — April 2011

[2] A capacidade de produção prevista pelo Tua é de 350 Gwh/ ano o que corresponde á menos de 0.7% dos 52.2 TWh eléctricidade consumida em Portugal em 2010 (DGEG 2011).


Friday, July 15, 2011

O princípio do fim da era pós-industrial









O princípio do fim da era pós-industrial


Quem tem poucas coisas considera-se pobre e isso fá-lo sentir-se triste. Não há Papalagui algum que seja capaz de cantar e mostrar um olhar feliz se apenas possuir, como nós, uma esteira ” [1]


Prados verdejantes preenchendo o espaço até onde a vista alcança. Lavadeiras esfregando e curando as roupas nas margens do rio sereno. Crianças brincando em plena Natureza sem qualquer preocupação com o humor mutável do tempo. Lavradores transportando, em carroças puxadas por pujantes bois, as colheitas da estação. Barcos de pescadores remando no rio em busca do peixe que abunda e nada ao sabor das correntes.

Em todo este cenário o Rio Leça desempenha o papel principal. É em torno dele que se organiza, faz e sonha a vida. É a sua cadência e ritmos, marés e correntes, a lei mais suprema de toda a população ribeirinha. É o seu leito como o sangue que no corpo irriga a vida.

Mas este é o cenário de há cerca de 50 anos atrás. Sim, há cerca de 50 anos era assim a vida das populações de Matosinhos e Leça.

Cinquenta anos em que uma revolução silenciosa mas acutilante, subtil mas abrupta, chegou às águas do Rio Leça. Essa revolução foi chamada de diferentes formas.

Por conveniência chamaram-lhe “progresso”. Outros com um pouco mais de precisão histórica chamaram-lhe “industrialização”. Outros não lhe chamaram nada … foi simplesmente o que “naturalmente” aconteceu em quase todo o lado no nosso país e mesmo, ainda que em tempos diferentes, a uma escala praticamente global.

Num fenómeno de contornos amplos e complexos, de infindáveis possibilidades de estudo e reflexão, o que basicamente se pode dizer em relação ao Rio Leça (caso de estudo nesta reflexão), assim como a todo o cenário e habitat envolvente, é que … praticamente morreu. Foi o preço (ou uma parte dessa quantia incomensurável) a pagar para nos podermos ter tornado no que somos hoje em dia: Uma sociedade industrializada e capitalista global.

Dizem-nos que a vida era pobre, que a vida era dura, que a pobreza proliferava. E tudo isso é em grande medida verdade.

Dizem-nos que somos mais felizes, que a vida é mais fácil, que a riqueza se multiplicou. E tudo isso, em muitos aspectos, é em grande medida mentira.

Dizem-nos que temos hoje em dia maior qualidade de vida, mas afinal como é que se pode definir o que a qualidade de vida é realmente?

Será que todas as vicissitudes que a “vida moderna” nos trouxe estão inevitavelmente ligadas? É difícil conseguirmos ver, de uma forma muito objectiva, em que medida todas estas transformações contribuíram para que possamos viver hoje (os que ainda vivemos) melhor do que há 50 anos atrás.

Eu tive os confortos da vida moderna que os meus Pais não tiveram. Pude com relativa facilidade (naquilo que é uma facilidade, para cada vez mais famílias, mais difícil) ter acesso a educação superior. Não tenho que trabalhar de sol a sol para poder ter o suficiente para me alimentar.

Por outro lado foi já morto e sem vida que sempre conheci o Leça. Cresci sem correr pelos prados onde o meu Pai correu. Nunca pude sentir o cheiro vivo da terra e dos elementos (agora sufocados pelo cimento e betão da cidade que explodiu em direcção ao céu e ao horizonte). Muito menos pude alguma vez mergulhar ou sequer molhar os pés no Rio Leça (a não ser bem perto da nascente ainda impoluta) sem estar perto de cometer um acto semi-suicida ou de atentado à minha própria saúde.

O indivíduo moderno possui hoje (aquele que faz parte dessa elite planetária dos que de facto possuem) o acesso a uma panóplia de bens e serviços talvez sem precedentes na história da humanidade. Contudo não creio que essa profusão materialista se tenha, de uma forma geral, traduzido numa maior felicidade ou numa vida mais significativa e satisfatória para uma grande parte das pessoas. Na verdade o consumo de anti-depressivos nunca foi tão elevado. Ao ponto de em alguns países se colocar já em causa a qualidade da água de abastecimento público devido à quantidade de substâncias libertadas por esses fármacos quando ingeridas pelos indivíduos e depois expelidas através da urina.

À parte de toda a relatividade que a questão (ou questões) contém, um facto parece-me evidente e inequívoco: definir a qualidade de vida em termos daquilo que cada indivíduo possui é profundamente errado. A satisfação de determinadas necessidades (e o problema é que assim que umas se encontram satisfeitas logo outras tantas surgem para manter o ratinho consumidor a girar na grande roda do consumo desenfreado), o acesso a determinados bens, pode obviamente contribuir bastante para o bem-estar dos indivíduos. Se nos podemos alimentar bem, ter acesso a uma boa educação, usufruir de bons cuidados de higiene e saúde e se residimos uma zona agradável, limpa e com boas condições ambientais temos, em parte, todas as condições para ter uma boa qualidade de vida. No entanto o conceito de “qualidade de vida” é bem mais amplo do que isso. Há toda uma profusão de factores, condicionantes e dimensões individuais e sociais que são, ou deveriam ser, determinantes para definir os rumos a percorrer por uma determinada sociedade ou civilização no sentido de proporcionar uma boa qualidade de vida a todos os seus indivíduos. Há claro uma importante dimensão “material”, por assim dizer, mas há, ou deveria haver, uma dimensão espiritual ou, se quisermos, emocional ou psicológica.

A maior parte das grandes correntes ideológicas ocupam-se somente da vertente material das questões, nomeadamente em termos de produção de bens. Mas no essencial, por exemplo toda a sociedade consumista capitalista, baseia-se na criação de produtos que visam substituir o vazio espiritual e emocional que essa própria sociedade tem vindo a criar.

Por exemplo. Um dos valores primordiais do sistema capitalista é o culto do individualismo. Mas depois, em virtude do vazio gerado por relações sociais vazias, frias, impessoais, competitivas ou alicerçadas no estatuto, temos de recorrer ao consumo de toda uma profusão de produtos para nos “auto-compensarmos” emocionalmente. É a valorização do que se “tem” em detrimento do que se “é”. Do “ter” em vez do “ser”.

Voltando ao Rio Leça, que está longe de ainda o ser.

O Rio Leça é “meramente” um exemplo para enunciar aquilo que aconteceu por todo o nosso país num período histórico relativamente reduzido:

O nosso ambiente, as nossas paisagens, viram-se violentamente despidas de quase toda a sua rusticidade, ruralidade e … Natureza.

As cidades transformaram-se numa geografia “morta”, onde já nada se produz, já nada cresce a não ser o cimento e o betão. As cidades encheram-se de hordas e hordas de gentes fugindo da miséria do campo mas esvaziaram-se de … humanidade. Tem-se vindo a exterminar quase tudo o que ainda subsiste de “natural”, de “rural” e nem os próprios espaços ditos verdes o são verdadeiramente (numa perspectiva ecológica, em geral, pouco ou nada recriam de um habitat realmente natural).

As nossas paisagens descaracterizaram-se ao ponto de em tantos e tantos sítios já tão pouco sobrar da sua autenticidade.

Os próprios rios …Quase todos os rios foram represados por colossais barragens de betão que lhes retiraram a força e vigor natural de um rio … e um dos últimos rios selvagens que existia ainda em Portugal, para sabermos o que é verdadeiramente e autenticamente um rio … está já a ser aniquilado para produzir a energia que não queremos aprender a consumir com a moderação que a Natureza nos impõe.

Earth provides enough to satisfy every man's need, but not every man's greed

Na Terra existe o suficiente para as necessidades de todos os seres humanos mas não existe o suficiente para a sua ganância, dizia Mahatma Gandhi, naquilo que pode resumir de forma tão perfeita aquilo que é o essencial da questão.

Será que toda esta profusão materialista de carácter essencialmente individualista se tem vindo a traduzir numa maior felicidade ou bem-estar por parte dos indivíduos? Será que o estilo de vida moderno é um caminho credível para uma real felicidade e sentido de vida? Será que se pode falar, acima de tudo, de “qualidade de vida”?

Antes de tudo o mais talvez seja de enorme pertinência reflectir sobre o real custo, ou seja, a factura em termos ambientais, sociais e económicos que o sistema produtivo actual (orientado nada mais, nada menos, para o desperdício) implica.

Vivemos na “era do descartável” o que significa que a esmagadora maioria daquilo que é produzido é-o para somente uma utilização (nas vezes em que chega sequer a ser utilizado) e em muitos casos para ser usado por breves segundos. [2]

Não pretende toda esta reflexão ser uma apologia de “regresso ao passado”, de total renúncia àquilo que somos e nos tornamos enquanto projecto de civilização. Creio essencialmente que urge fazer aquilo que nunca foi verdadeiramente feito: Uma profunda reflexão.

Reflectirmos verdadeiramente no caminho que queremos e, sobretudo, podemos seguir. Creio que este caminho de plena destruição ecológica é, por inerência, comprometedor de quaisquer perspectivas de sobrevivência planetária, como de resto se está a manifestar nos diversos fenómenos e crises ecológicas, sociais e económicas actuais.

Não creio, sobretudo, que para ganharmos tudo aquilo que supostamente ganhamos tivéssemos que perder tudo aquilo que perdemos, e que os nossos pais ainda tiveram.

Não creio que o Rio Leça tivesse que ter sido assassinado para nos podermos ter tornado no que somos actualmente. E perdemos tanto!

Não creio que nenhuma civilização se possa desenvolver e, antes de tudo, encontrar e definir enquanto civilização, desprovida das suas raízes, identidade e essência. E a nossa essência depende sempre da nossa relação umbilical com a Mãe Natureza, com os ciclos e ritmos da terra. A nossa qualidade de vida depende, em larga medida, mais do que qualquer indicador sócio-económico, da forma como formos capazes de nos integrar na paisagem que herdamos, na forma como somos capazes, para viver, de manter vivos, funcionais e plenos de vitalidade todos os elementos vivos da própria paisagem Natural. Dito de outra forma: de mantermos os ecossistemas vivos e saudáveis. E por vezes são de facto os países que em certos aspectos revelam mais essa capacidade (os países nórdicos por exemplo) os que possuem, simultaneamente, melhores resultados em termos de índices de desenvolvimento humano, entre outros indicadores sócio-económicos.

A água é essencial à vida. Mas tornamos o Leça num esgoto e a água chega-nos agora de longe. Para além disso, tem que ser impregnada de toda uma série de substâncias químicas, lixívias nomeadamente, para lhe podermos chamar algo como potável.

A terra e o alimento que ela produz é essencial para algo tão básico como nos alimentarmos. Mas as hortas e terras agrícolas outrora férteis e abundantes deram lugar à insana miragem da especulação imobiliária desenfreada. E assim ganhou Matosinhos e Leça em cimento e altura aquilo que perdeu, e tanto, de ligação com a própria terra.

Teria que ter sido assim? Não podia ter sido de outra forma? Não podemos negar a nossa história mas muito menos a responsabilidade que temos em cada momento histórico das acções e decisões que tomamos enquanto sociedade e projecto de civilização. Seja movidos pela consciência, pela necessidade ou simplesmente pelo sacro-santo lucro, a verdade é que há sempre algo que de uma forma ou outra nos move, as circunstâncias não são um mero reflexo de condicionantes históricas transcendentes.

Não sei se algum dia o meu Pai voltará a ver o Leça “a respirar”. Não sei sequer se o meu filho terá algum dia esse privilégio agora quase utópico. Mas acredito convictamente que temos que reencontrar as nossas raízes, que voltar à terra, se queremos que a espécie humana e muitas outras espécies animais e vegetais - que estamos de forma selvagem a destruir - continuem a poder viver neste planeta.

Acredito convictamente que a qualidade de vida se define pela forma como somos capazes de nos integrar nos ecossistemas ecológicos naturais de forma harmoniosa, humilde e mantendo vivos os seus elementos e dinâmicas naturais. Creio que se define ainda pela forma como somos capazes de construir sociedades norteadas pela busca de um bem-estar comum, pela construção de relações sociais providas de sentido e profundidade, e pela existência de uma forte espírito cooperativo de fraternidade e acção solidária.

Creio que o caminho, ou os caminhos, que temos vindo a seguir nesta era industrial não poderiam ser, de forma clara e predominante, mais na direcção oposta.

Só tendo noção desse facto enquanto sociedade, só quando despertarmos do transe consumista, materialista e egoísta em que estamos mergulhados, é que poderemos partir noutras direcções e caminhos, tentando encontrar e reencontrar novos sentidos para a nossa vida social e individual.

Caminhos esses que terão de ser encontrados não nas fórmulas tecnocráticas esgotadas e repetidas até à exaustão (sua e do planeta) mas na capacidade de ousarmos sonhar e semear uma mundo novo, em muitos aspectos mais parecido com aquilo que ele era antes de nos termos deixado industrializar de forma tão exacerbada. Temos imenso a aprender com aquilo que éramos, com aquilo que nos tornamos mas, e ainda mais, com toda a criatividade naquilo que podemos ser enquanto projecto pós-industrial (porquê pós-industrial? Porque não acredito minimamente na viabilidade prática e filosófica de manutenção deste sistema por inerência “insustentável”). Temos imenso a aprender se formos criativos e ousarmos sonhar voltar a tomar banho no Rio Leça. Quando isso acontecer viveremos num habitat capaz de nos proporcionar toda uma qualidade de vida não aferível por qualquer indicador macro-económico mas sobretudo pelos risos dos nossos filhos brincando e chapinhando na água.

Não me parece que o iminente colapso do sistema capitalista industrial (nomeadamente pelo cada vez mais dispendioso acesso àquela que é a sua matéria prima mais fulcral: o petróleo) nos deixe grande margem para fazermos outra coisa que não essa: repensarmos numa nova sociedade pós-carbono e pós-industrial. E há já muitos indivíduos e comunidades criativas e alternativas pelo mundo fora que estão já a fazer dessa reflexão a sua prática e estilo de vida. [3]

Não será que o próprio Leça merece também que façamos esse esforço por ele (e, por inerência, por nós próprios)?


Artigo publicado inicialmente para Barómetro Social:

O princípio do fim da era pós-industrial (I)

http://barometro.com.pt/archives/354

O princípio do fim da era pós-industrial (II)

http://barometro.com.pt/archives/358


[1] Scheurmann, Erich. (2003). “O Papalagui”, Lisboa, Edições Antígona

[2] Beaven, Colin. (Outubro de 2009, 1ªEd.). “Impacto Zero – As aventuras de um cidadão comum que tenta salvar o Planeta”, Carnaxide, Editora Objectiva

[3] Dawson, Jonathan. (Junho de 2010). “Ecoaldeias – Novas Fronteiras para a Sustentabilidade, Águas Santas, Edições Sempre em Pé


Tuesday, July 12, 2011

O3Cs - Oficina de Consumo Crítico e Consciente, sábado, 16 de Julho

O3Cs - Oficina de Consumo Crítico e Consciente, sábado, 16 de Julho, 10h00

inscrições e todas as informações: no cartaz

Wednesday, July 06, 2011

Oficina da Ecologia do Ser ao Ser da Ecologia

Oficina da Ecologia do Ser ao Ser da Ecologia

Feira Alternativa do Porto
Domingo, 10 de Julho, 11h00, no Espaço "Conversas na Relva"

Aparece e traz um/uma amig@ também!